Who shouts out hallelujah
Who’s gonna sing out loud
Carry these men and women
Who get lost when the Sun goes down
David Byrne & St. Vincent
David Byrne & St. Vincent
O sol já se pôs, é noite.
Vim ao apartamento, desabitado, onde viviam e morreram o meu irmão no dia 10 de dezembro e a minha mãe no dia 26 de janeiro.
Estou neste momento no quarto onde assisti ao último suspiro da minha mãe. Está vazio, a cama articulada já foi devolvida. Contemplo as paredes repletas de quadros de santos e imagens de um cristo, de aspeto loiro e nórdico, a percorrer a via sacra.
Desligo a luz.
Pela janela entra a luminosidade intensa de uma lua quase cheia.
Recordo a lágrima que lhe limpei da face, na noite anterior à manhã da sua morte. Tentava dar-lhe a sopa, ela ia comendo mecanicamente mas já não abria os olhos.
Então aquela lágrima deslizou pela face. Pressentiria que a sua vida estava a chegar ao fim.
Não sei porquê, vem-me à memória a história que ela contava de que, logo após o meu nascimento (que foi em casa) uma vizinha do mesmo prédio, professora de filosofia, sugeriu à minha mãe que me dessem chá por uma colher de prata, isso teria um efeito benéfico qualquer no meu futuro, sinceramente já não me recordo qual.
E assim foi, lá bebi a colher de chá.
Isto é verídico, foi-me confirmado pela professora Eva, a vizinha, que também já morreu. Várias vezes referiu esse episódio.
E assim foi, lá bebi a colher de chá.
Isto é verídico, foi-me confirmado pela professora Eva, a vizinha, que também já morreu. Várias vezes referiu esse episódio.
E aqui estou, pisando o luar, no "zombie room", "eating (drinking tea) from silver spoons" logo à nascença.
We are the dead at night
We're in the zombie room
Heavenly oversights
Eating from silver spoons
We're in the zombie room
Heavenly oversights
Eating from silver spoons
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