sábado, 6 de outubro de 2012

República de pernas para o ar



Como já sabeis, a bandeira portuguesa foi hasteada ao contrário nas cerimónias do 5 de Outubro, num lamentável incidente, no qual António Costa  e a Câmara Municipal de Lisboa vieram já assumir toda a responsabilidade (aqui).

Duas notas sobre a questão:

- A primeira é a ironia do Destino, pois a bandeira virada ao contrário é sinal de ocupação, segundo os códigos militares... e de facto perdemos a independência para a troika.

- A segunda, e a mais importante, é que este incidente é o espelho do que somos, da nossa maneira de estar. O mais chocante não foi o erro de quem embainhou a bandeira (e não vamos especular e dizer que foi propositado, caso tenha sido um militar a fazê-lo). Não, o mais chocante foi todos se terem apercebido e todos terem feito de conta que não tinha importância, no género "não faz mal, deixa estar assim, se corrigirmos ainda dá mais "bandeira", que se lixe."

E é esta mentalidade de falta de rigor, de fazer as coisas "de qualquer maneira", de receio de corrigir os erros, de assobiarmos todos para o ar quando vemos que algo está mal, de os nossos políticos serem gentinha timorata incapaz de dizer "Não! Isto não pode ficar assim, este erro tem de ser corrigido custe o que custar", foi esta mentalidade que nos trouxe à  calamidade que é o presente do país.

É preciso mudar, tem de se começar a dizer "Não!" seja em relação à nossa bandeira de pernas para o ar, seja em relação ao roubo que são as PPP (Parcerias Público Privadas), seja em relação a tantas outras situações que corroem  lentamente o Estado e a sociedade.

Mas "prontos": a República Portuguesa lá ficou de pernas para o ar, com a solene indignidade do erro consentido, nas cerimónias do último 5 de Outubro feriado, data a partir de agora apagada do calendário de feriados, tal como o 1º de Dezembro, por negociação com - pasme-se - a igreja católica. 

É de facto uma República de pernas para o ar e bem abertas a todos - troika, igreja católica, interesses privados, opus dei, maçonaria, etc., etc., etc.



2 comentários:

  1. Demasiado triste estas coisas acontecerem. Somos um país dependente, pobre, de gente triste, sem objectivos, sem sonhos e agora também de bandeira de pernas para o ar...

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    1. A carta do António Costa deve ter sido encomendada pela Presidência da República e prova que o Cavaco já está a querer fugir às responsabilidades... quando foi ele que hasteou a bandeira! Qualquer presidente que não fosse um medíocre sr.Silva como José Saramago lhe chamou um vez, teria parado imediatamente o hastear da bandeira quando se apercebesse do erro!

      Mas o sr.Silva tem mentalidadezinha pequenina e é "manso", como o prova também o facto de pela primeira vez não ter aberto o palácio de Belém ao público no 5 de Outubro, com a desculpa de "contenção de custos".
      Medo de encarar o povo olhos nos olhos, isso sim!

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