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sábado, 30 de março de 2013

Ups, esqueci-me do Sócrates. Mas o título pode ser: "Medicamentos no Brasil, narrativa anti-narrativas cá"



Depois de ir tentar  vender medicamentos suiços ao Brasil, José Sócrates decidiu voltar e, tendo aprendido em Paris uma palavra nova, a narrativa, veio tentar vender-nos a sua narrativa anti-narrativas-da-direita. A propósito, porque é que há tantos políticos a comentar? Simples, têm protagonismo, poder de influência e não têm responsabilidade nos destinos do país. Nesse aspeto admiro muito mais quem está ou esteve ao "leme do barco" do que quem fica junto ao bar a comentar como o Marcelo Rebelo de Sousa ou o Marques Mendes, quais políticos desertores.

Quanto ao ex-líder do P.S., o que todos parecem esquecer é que este senhor está e sempre esteve ao serviço da finança e de grupos económicos rentistas. Parece que alguns ainda acreditam no pai natal...

Mas ouçamos a sua narrativa:


Temos de reconhecer que, como narrador da sua narrativa, continua a ser de longe o melhor político português e a repetição que ele fez da palavra não foi inocente, foi propositada, é uma técnica para que nos focássemos nessa questão. E foi com um sorriso que assisti à forma como "meteu no bolso" os dois jornalistas, até estava com pena deles, a serem trucidados, mais o Paulo Ferreira, que foi o diretor de informação mais manso e subserviente que alguma vez vi numa entrevista. Sócrates chegou a dirigir-se a ele com um "ó homem!" desdenhoso e sobranceiro, como quem fala para o senhor da mercearia.

Sendo o melhor político que temos, infelizmente em Portugal só há políticos de narrativas, não há políticos com uma Visão para Portugal e para a Europa, não há Estadistas. O que este nosso político Sócrates é, isso sim, é um brilhante e eficaz comunicador, um tenaz vendedor de narrativas. 

Agora, depois da sua narrativa, deixo-vos alguns gráficos que nos dão a narrativa da realidade.

Este gráficos abaixo confirmam ou desmentem a narrativa de José Sócrates, perguntais?
Bem, acho que não foi tão mau como o pintam nem tão bom como se pinta. Nunca devemos é esquecer que está e sempre estará ao serviço da finança. Foi ele que decidiu enterrar mais de 5 mil milhões de euros no BPN, cujo buraco se traduziu depois nas contas de Passos Coelho, e devemos ter também presente a ironia de Sócrates vir a cair na sequência de uma semana em que os seus parceiros banca e finança lhe tiraram o tapete com uma narrativa implacável a favor do resgate.

(Quantas vezes escrevi narrativa? Contando com esta narrativa que escrevi agora mesmo, claro)




Salário mínimo

Pobreza extrema
Eurostat


BOTTOM LINE:

Descubra as diferenças, com Sócrates à esquerda e depois com Passos Coelho, à direita. Ou, se preferir, antes e depois dos PEC's + Troika.


sábado, 23 de março de 2013

O anjo dos caracóis sebosos, o Chipre e a nudez de Amina



O ministro das finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem, é o presidente do eurogrupo, instituição que na União Europeia congrega pelo menos uma vez por mês os ministros da Economia e Finanças dos Estados-membros da da Eurozona (Estados cuja moeda oficial é o euro), o Presidente do Banco Central Europeu e o Comissário Europeu de Assuntos Económicos e Monetários.

Jeroen tem caracolinhos sebosos. Ora bem, ter caracolinhos sebosos é algo que me deixa logo em alerta em relação à pessoa que orgulhosamente os exibe. Sim, pode ser um preconceito irracional mas até agora nunca falhou. Sinceramente, parece-me que achar muito engraçado exibir caracolinhos sebosos, uma espécie de transplante da zona púbica para a cabeça, denota uma falha analítica que poderá revelar-se ao avaliar outras situações... como resgates financeiros.

E não é que foi este "cromo" o principal responsável pela confusão com o resgate do Chipre e a novela do imposto sobre os depósitos bancários?

Mas há mais. Descobri agora que o nosso amigo Jeroen-dos-caracolinhos-sebosos foi elevado à categoria de "anjo" por uma associação de jovens cristãos holandeses por ter feito campanha contra a nudez na televisão! Sério! Vejam aqui.

Só fico curioso para saber o que pensaria o nosso "anjo" Jeroen da nudez de Amina, a jovem tunisina que decidiu colocar uma foto em topless numa página que criou na internet de apoio ao grupo ucraniano FEMEN e que por isso já foi enviada pela família para um hospital psiquiátrico e condenada à morte por apedrejamento por um clérigo muçulmano.

Amina: "O meu corpo pertence-me a mim e não é a fonte de honra de ninguém"


terça-feira, 12 de março de 2013

Entretanto, por cá...


Enquanto os media, dançando ao som dos interesses do costume, se deleitam com uma cobertura de 24 horas por dia do Circo da Santa Sé, como se a escolha de um novo gestor de uma riqueza incalculável a nível mundial - que poderá ultrapassar só nos EUA um valor de cerca de 7 vezes o empréstimo da troika a Portugal - nos pudesse ajudar de alguma forma, por cá um pai atirou-se ontem a um poço com um filho de 2 anos.
 
Afogado em dívidas, este canalizador preferiu uma forma radical de cortar 50% das despesas familiares: cortou 50% da família, ficando vivos só a esposa e o filho de 12 anos.
Tinha sido diagnosticada asma ao menino... e dinheiro para medicamentos?
 
E a professora de Bragança que, a 9 de Fevereiro se atirou com o filho de 12 anos do quarto andar de um hotel?
E o caso dos dois irmãos de Oeiras, que a própria mãe envenenou com bolos, a 27 de Janeiro, antes de se suicidar?

 
 
Ah mas nós estamos é interessados com a escolha do novo líder da igreja católica!
 
Leiam um pouco sobre a riqueza da santa madre igreja aqui .
 
Como se vê, não tiveram qualquer problema em arranjar 2.000 milhões de dólares para pagar compensações às vítimas da pedofilia nos EUA. Por exemplo, para pagar 660 milhões de multa em Los Angeles, venderam uns imóveis. Simples.
Só me pergunto é porque é que não o fizeram para ajudar os mais necessitados...
 
Isto é apenas um indicador da riqueza nos EUA.
Agora imaginem todas as propriedades que a igreja tem a nível mundial.
 
E as propriedades que a igreja tem em Portugal? Lembro-me da enorme quinta que possui no coração de Lisboa, próximo do Colombo, que vale seguramente muitos milhões de euros. Porque é que a Autoridade Tributária não vai avaliar e cobrar imposto (IMI) como faz aos cidadãos que são proprietários? Ah, há a concordata...
 
A igreja é riquíssima e não paga impostos. Este pai que se suicidou tinha de os pagar.
 
 "The Catholic church is the biggest financial power, wealth accumulator and property owner in existence. She is a greater possessor of material riches than any other single institution, corporation, bank, giant trust, government or state of the whole globe. The pope, as the visible ruler of this immense amassment of wealth, is consequently the richest individual of the twentieth century. No one can realistically assess how much he is worth in terms of billions of dollars."
 

"Forget the stories of the value of the Vatican's porn library. Or of its art collection. Those are pittances: the known holdings of the Catholic Church in the U.S. tops $500 billion. Combine it with holdings in Catholic Countries such as Italy (now the 8th strongest economy in the world), Mexico, Brazil, and the Filipines, companies and industrial complexes and in secret secular real estate, the worth of the Church reaches into the trillion$. It could be argued that the Vatican controls an economy larger than the U.S."

Por isso, quando vejo o bloco de esquerda a andar com os padres para trás e para a frente e a dar-lhes o palanque, padres que são os efetivos representantes do Estado do Vaticano no terreno, a face visível da estrutura riquíssima, obscurantista, anti-ciência, conservadora, reacionária... quando esta linha de promiscuidade com a igreja e colagem para captar votos, continua hoje em dia e cada vez mais reforçada como já vos mostrei, nem sei que vos diga, fico indignado, nem o Paulo Portas tem tamanha desfaçatez de se colar desta forma à igreja e o PP poderia fazê-lo dado que é um partido da área da democracia-cristã.

 Mas este enrolanço com os padres. este orgasmo metafísico contínuo de "ateus" - serão "agnósticos"? - de sacristia que ajoelham e rezam, já vem de  trás...
 
 
2009 - Padre Costa Pinto, mandatário do BE, dirige-se aos bloquistas,
perante o olhar embevecido do padre Francisco, perdão, do Dr. Francisco.
Não, eu para esse peditório já dei.
 

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Happy Halloween! (reloaded)




"O país aguenta mais austeridade? Ai aguenta aguenta!"
 
“Os gregos estão vivos, protestam com um bocadinho de mais veemência do que nós, partem umas montras, mas eles estão lá, estão vivos”.

Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI

 
 
 

domingo, 14 de outubro de 2012

"Why is there so much human suffering?"


"Look, here's my point. If nothing lasts, why am I bothering to make films or do anything for that matter? (...) I've gotta find meaning!"



Portugal 2012: idosa de 99 anos a pedir na rua para ajudar família desempregada
 
 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Passos ataca de novo... mesmo antes do futebol


Ela: "Querido, vem aí o Passos Coelho outra vez, quer mais dinheiro... Será para a droga? Isto não pode continuar assim! Já perdemos a casa, já vendemos o carro, não temos dinheiro para comprar os livros escolares das crianças... agora vamos reagir! Revoltar-nos!"
Ele: "Sim, mas primeiro vemos o Portugal - Luxemburgo que começa logo a seguir ao Passos Coelho, pode ser?"
 
 

sábado, 25 de agosto de 2012

Os espanhóis não são tão passivos como nós


 
 
 
O CANO DE UMA PISTOLA PELO CÚ



Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
 
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
 
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.

Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.

A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.

Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
 
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.

A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.

A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.

Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.

Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.

Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos."



 
Juan José Millas