2ª visita ao apartamento para arrendar.
Desta vez o jovem casal levou uma senhora mais velha. Era a mãe dele.
A mãe não desaprovou a casa.
"Sim, vamos então fazer uma proposta ao proprietário" disse a futura nora com um silêncio aprovador do seu namorado, filho da sogra.
Iriam então à agência colocar por escrito uma proposta ao proprietário.
E o consultor até sabia que a proposta seria aceite pois conhecia os limites do proprietário.
Sairam todos juntos do apartamento e, já no passeio, o consultor reparou que o interessado, em vez de dar a mão à namorada, ia de braço dado com a mãe, posicionada entre ele e a namorada... juntando este facto à situação de ter sido sempre a futura nora, e não o filho, a tomar a liderança de avançar para o arrendamento, o consultor começou a ver a vida a andar para trás.
Já na agência a mãe não quis entrar na sala de reuniões. Sendo que ela poderia ser um dos fiadores, condição requerida pelo senhorio, isto era mais um sinal negativo de que a progenitora não "abençoava" a ideia de o seu filho ir viver com uma "estranha"...
Chegados ao momento de assinar a proposta, ele começou a bloquear... até que finalmente disse "bem, não vamos decidir já, levo a minuta e enviamos a proposta digitalizada amanhã de manhã, já com os fiadores definidos, porque não sabemos se vão ser os meus pais ou os dela."
Nesse momento o consultor percebeu que ali não haveria técnica de vendas que conseguisse ultrapassar um complexo de Édipo: então tinham ido ali para fazer uma proposta e agora ele decidia adiar?
A namorada ficou desapontada mas a mãe fez um sorriso levemente triunfante na despedida.
Nada a fazer, tinha ido "por água abaixo" a perspetiva de o consultor conseguir arrendar aquele apartamento em apenas 15 dias após a saída dos anteriores arrendatários.
Assim como foram por água abaixo os 300 euros de comissão antes do Natal.
No harm done.
Próxima visita já amanhã, com outros interessados - de preferência sem mamã.
E lá ficou o consultor a vê-los afastarem-se, pensando de si para si que talvez os três principais factores que impedem uma evolução mais rápida do Homem sejam deus, pátria e família, não necessáriamente por essa ordem.
Mas o consultor estava era chateado com o complexo de Édipo, que lhe fez perder 300 euros certos.
Sem comentários:
Enviar um comentário