domingo, 2 de dezembro de 2012

Crónicas da vida em sociedade - Episódio I "As arquitetas"

 
 
Sapatos conceptuais, inspirados na arquitetura e criados por Tea Petrovic
 
 
Esta semana, na quinta-feira, houve um evento na agência imobiliária onde trabalho. A ideia foi abrir a agência a empresas que têm parcerias connosco, assim como aos nossos proprietários e ao público em geral, podendo nesse dia qualquer pessoa ter aconselhamento jurídico, informação sobre financiamento, obras, etc. Para além disso o nosso advogado deu uma palestra sobre a nova lei do arrendamento e houve mesmo um cocktail onde estiveram representantes da marca a nível nacional. Enfim, o evento acabou por servir também como inauguração desta nossa nova agência que é maior - tem quase 300 m2.
 
A partir da hora prevista as pessoas iam chegando e eu, tal como os outros presentes, não sabia exatamente quem era quem. Podiam ser proprietários(as), elementos das empresas que lá estavam presentes, público em geral...
 
A certa altura chega um casal: ela era uma verdadeira "bomba", um "avião", enfim uma morena alta, com cerca de 25 anos, muito gira,  cabelos compridos, rabo fantástico, com classe, roupinha da moda, calças de ganga justas, botins que se usam agora.
 
Claro que nós homens comentámos discretamente e em voz baixa "Ih olha lá que mulherão, fogo, que é aquilo, que abuso!". Ninguém do grupo que estava ao pé de mim sabia quem era, embora o casal tivesse sido recebido pela mulher do gerente o que poderia indiciar que eram clientes, talves proprietários.
 
Eu fiquei curioso para saber quem era, vocês já sabem como eu sou. De seguida fui socializar um pouco com uns proprietários e nunca em momento nenhum cruzei olhares com a fantástica morena.
 
Bem, tendo chegado o momento de voltar a circular, indo eu a dirigir-me para a zona da agência onde estava um cliente que queria cumprimentar, eis senão quando, inesperadamente, a "aeronave" pára de conversar com o indivíduo que tinha chegado com ela, vira-se para mim e inicia um "voo" rasante em rota de colisão, atravessando a sala. "Mas ela adivinha o pensamento ou quê?!" pensei eu.
 
Ao chegar ao pé de mim apresentou-se:
"Olá sou da empresa xxx que faz parceria convosco, sou a Paula (nome fictício).
Eu estava devidamente identificado - não gosto de ser agente secreto.
Com o seguimento da conversa ela disse-me que era arquiteta e só estava há um mês naquele trabalho. Iria ser uma das duas arquitetas encarregues de fazer a ligação com os agentes da nossa agência, na tentativa de conseguir negócio, sobre o qual nós também temos uma pequena comissão. A outra arquiteta chegaria daí a pouco e essa eu já tinha conhecido numa apresentação da empresa deles que já tinha sido feita na nossa agência.
 
E ali ficámos bem no meio da sala a conversar, ela só um pouco mais baixa que os meus 1,87m, o que, descontando os saltos altos, faz com que tenha à volta de 1,75m. Olhei de soslaio para os meus colegas,  a alguma distância a conversar: estavam já na palhaçada a colocar os polegares ao alto e a sorrir para mim... invejosos, isso sim!
 
Durante a conversa notei que ela é o tipo de pessoa que não tem grande à-vontade social. Porque será que de tantos colegas que estavam por ali identificados ela me escolheu a mim para abordar? Será que foi pela altura, pois era o único mais alto que ela? Não faço a mínima ideia mas o que é facto é que ela também já me estava a "controlar" pois assim que tomei o rumo da "zona" dela, ela se virou e caminhou para mim.
 
A conversa terminou com o telemóvel dela a tocar. Ela pediu desculpa, atendeu  e eu aproveitei para circular mais um pouco.
 
Entretanto chega a outra arquiteta (Fernanda - nome fictício) que também dá apoio à nossa agência: ou seja elas as duas são concorrentes uma da outra para as mesmas oportunidades de negócio. Essa outra arquiteta também gira, baixinha, muito sociável, muito à-vontade, "in control", pôs a mão no meu braço umas 15 vezes enquanto estivemos a conversar. E enquanto eu falava com esta Fernanda, a Paula que estava a conversar com o chefe delas, olhava de lado...
 
Começa a apresentação do nosso advogado e eu fiquei em pé cá atrás e elas as duas também. A meio a Paula-avião diz para a Fernanda, baixinho porque o advogado fazia a apresentação dele:
"Tenho de ir andando." Passando à frente da Fernanda dirige-se para mim e diz também baixinho:
"Vou andando, qualquer coisa que precisar, diga." E eu estendo-lhe a mão para me despedir e ela, que me chegava à cara como já vos disse, estende a dela para dois beijinhos. A Fernanda ficou a olhar de lado... e quando a Paula se foi e eu volto a dar atenção ao advogado está ele de olhos arregalados e sorriso malandro...
 
No final da sessão a Fernanda estava a falar comigo e mais 2 colegas e diz:
"Bem, tenho de ir... não vos dou beijinhos mas boa noite a todos" E pisca-me o olho. Aquele "não vos dou beijinhos" era uma indireta sobre a opção da colega dela em relação ao cumprimento de despedida. Mazinha...
 
Mas porque vos estou a contar isto tudo? Por nada, é que estava aqui a arrumar cartões de visita e tenho os delas na mão. E agora o dilema: quanto precisar de aconselhamento técnico de uma delas, qual vou escolher, a qual delas vou dar possibilidade de faturar?
 
Hei-de "arquitetar" uma decisão com base em razões lógicas e profissionais, claro. Ou vocês acham que sou influenciável por um "avião-do-outro-mundo-que-dá-beijinhos"?
Francamente, amigos leitores... nem todos os homens pensam com a cabeça de baixo, sabiam?
 
 

 
 
P.S.: Estes eventos são para repetir. Da próxima vez publico o convite aqui.
 

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